sexta-feira, 30 de setembro de 2011

"Em cada coração humano há um tigre, um porco, um burro e um rouxinol. A diferença de intensidade em suas respectivas actividades é que faz as diferenças de carácter."

Ambrose Bierce

Sorria: você está a ser filmado!

E continue sorrindo: os seus e-mails estão a ser rastreados e os seus hábitos catalogados. Em nome da segurança, as tecnologias mais avançadas matam a privacidade!

Por Rafael Kenski
Algumas pessoas sabem todos os lugares em que você esteve no ano passado. Possuem também a lista das mercadorias que comprou, as músicas que ouviu e as pessoas com quem falou. É possível que elas saibam até a sua preferência sexual. Assustador, não? O motivo alegado para tanta perseguição é apenas trazer segurança e conforto. Para si. Assim como as novas tecnologias se esmeram em acumular e disponibilizar o máximo de informações sobre todos os assuntos de interesse, muitas instituições utilizam os mesmos instrumentos para obter e manipular dados sobre pessoas simples, como eu e você. As Empresas tentam reunir informações detalhadas dos seus possíveis clientes para oferecer produtos e serviços personalizados no momento apropriado. Governos e agentes de segurança tentam registar todas as actividades da população em busca de criminosos e infractores. O preço a pagar por esses benefícios, no entanto, é ser observado o tempo todo e ter as suas informações mais íntimas devassadas.
"Estamos a transitar do ‘estado de vigilância’ para a ‘sociedade de vigilância’", afirma o cientista político canadense Reg Whitaker, autor do livro The End of Privacy ("O fim da privacidade"), inédito no Brasil. Ao contrário do que previam romances como 1984, de George Orwell, ou Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, o que acontece não é apenas um governo centralizado que monitora actividades da população. Empresas, família e até mesmo vizinhos instalam sistemas de vigilância cada vez mais sofisticados. Da mesma forma, em vez do Estado obrigar as pessoas a registarem-se em sistemas de controlo, são os próprios cidadãos que, cada vez mais, entregam os seus dados pessoais de forma voluntária. "A nova tecnologia de controlo diferencia-se das anteriores de duas formas: ela é descentralizada e consensual", diz Whitaker.
O rastreamento começa de cada vez que saímos à rua. Só na cidade de São Paulo, cerca de 125 000 câmaras monitoram as actividades dos pedestres em prédios, parques, lojas e calçadas. Cerca de 75% das grandes redes de supermercados, farmácias e lojas reforçam a segurança com filmagens. Noutros países, esta técnica é ainda bem mais difundida. Até 2004, o governo inglês terá instalado nas ruas uma rede de dois milhões de câmaras para busca de criminosos. Muitas delas estarão equipadas com sistemas que reconhecem as pessoas pela sua face ou pela sua forma de caminhar e analisam se são procuradas pela polícia. Os motoristas – que, em São Paulo, convivem com mais de 100 radares fotográficos – são vigiados, no Reino Unido, por mais de 7 500 sensores que identificam a placa do veículo e verificam se ele é ou não roubado.
E essa parafernália funciona? Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo, o uso de radares eletrónicos diminuiu até 58% o número de mortes em acidentes fatais. No Reino Unido, alguns crimes de repercussão nacional só foram resolvidos graças à ajuda de redes de câmaras. A eficácia destes equipamentos, no entanto, ainda é objecto de muita polémica. "As câmaras identificam alguns delitos óbvios no mesmo momento em que acontecem e fornecem, posteriormente, evidências da cena do crime", afirma Jason Ditton, director do Centro Escocês de Criminologia e uma das poucas pessoas a empreender estudos independentes sobre o sistema.
A grande preocupação em relação ao sistema é a possibilidade de abuso. A coordenadora deste programa num bairro de Londres afirmou à revista New Scientist que um centro de lazer tinha colocado câmaras controladas por homens no vestiário feminino. Surgiram também diversas denúncias de que os operadores definiam os suspeitos apenas pela aparência – o que abriu a porta para denúncias de preconceito. Em outra ocasião, um operador foi condenado por espionar mais de 200 mulheres e usar o telefone da própria central para assediá-las.
Problemas como esses podem tornar-se ainda piores quando forem implantadas algumas outras tecnologias de vigilância já existentes. O inventor americano Graham Hawkes desenhou uma forma de acoplar um rifle a estas máquinas e permitir que policias eliminem criminosos como se estivessem num jogo de computador. Outro sistema americano, chamado Body Search ("busca corporal"), permite identificar objectos debaixo da roupa, como pistolas, facas, pacotes de drogas e também aquelas partes do corpo que a maioria das pessoas têm o hábito de esconder. "As câmaras são tidas como se fossem sempre boas e elas não o são", afirma Ditton.
Se sair à rua sem ser vigiado já é difícil, pnavegar anónimo na internet é quase impossível, principalmente quando se está no trabalho. Uma pesquisa da Associação Americana de Administração, feita em abril do ano passado, constatou que 73,5% das companhias nos Estados Unidos usam algum método de vigilância, como registar e-mails, páginas visitadas e as ligações telefónicas dos funcionários. "Se a empresa deixar claro que aqueles instrumentos são para uso profissional e que podem ser monitorados, ela tem o direito de vigiar os funcionários", afirma o advogado especializado em tecnologia António José Ludovino Lopes, que actua em São Paulo. Alguns casos, no entanto, chegam a extrapolar o ambiente de trabalho. Nos Estados Unidos, um funcionário de uma companhia eléctrica foi demitido depois de usar o computador da sua própria casa para fazer críticas ao seu emprego e ao seu chefe numa lista de discussão na internet.
Mesmo tendo usado um pseudónimo, o verdadeiro nome foi revelado depois da empresa ter entrado na justiça contra a provedora do serviço. Casos como este são possíveis graças ao surgimento de diversas companhias, como a Ewatch, cujo serviço é procurar o nome da empresa na internet para avaliar o impacto dos seus produtos, descobrir boatos e descobrir empregados pouco fiéis.
Mas as empresas não vigiam só os seus funcionários. Várias páginas da internet costumam implantar no computador de quem as visita pequenos programas (os chamados cookies) que registam alguns dados sobre o usuário, como o tipo de navegador utilizado ou as páginas que ele visitou. Os cookies são importantes para salvar as preferências do usuário e construir uma lista de compras para ele, por exemplo. Mas eles também podem enviar para as empresas informações sobre tudo o que as pessoas fazem na rede. Esta prática foi alvo de grande polêmica quando se descobriu que a agência anti-drogas americana os utilizava para rastrear internautas. Cada vez que alguém digitava grow pot (plantar maconha) ou outros termos relacionados a drogas nos principais serviços de busca, aparecia um anúncio da agência que carregava um cookie.
Apesar de o governo afirmar que o programa era usado apenas para verificar a eficiência da propaganda, o medo de que ele fosse utilizado para perseguir pessoas sem autorização judicial levou a Casa Branca a restringir o uso de softwares desse tipo nas páginas do governo.
A empresa americana DoubleClick – uma das maiores agências de anúncios na internet – também sofreu várias críticas de invasão de privacidade quando comprou, por 1 bilhão de dólares, a firma Abacus Direct, dona de um enorme cadastro de consumidores. Caso juntasse as informações que ela reúne por cookies com o banco de dados recém-adquirido, a empresa teria à sua disposição uma lista detalhada dos hábitos, dentro e fora da internet, de mais de 100 milhões de pessoas. A empresa teve que voltar atrás depois de uma forte reacção popular. Em vários países, inclusive no Brasil, arquivar informações pessoais sem autorização é crime. "É permitido recolher dados para fins estatísticos, mas é contra a lei reunir elementos que identifiquem os costumes de alguém", diz José Lopes.
O principal risco que a internet apresenta para a privacidade está na sua facilidade de reunir dados de diversos tipos em um só lugar. "Quanto mais pulverizadas são as informações, maior é a privacidade", afirma o advogado Amaro Moraes, criador da página Avocati Locus, dedicada a questões de privacidade e tecnologia. Mas essa tendência pode piorar. Um novo projecto da Microsoft pretende reunir informações pessoais de diversos tipos numa só plataforma, chamada Hailstorm. A princípio, o programa permitirá que as pessoas façam compras na internet utilizando uma só senha, conversem com amigos e agendem compromissos. No futuro, espera-se que inclua outros serviços, como identificar por câmaras se o usuário pode responder a uma mensagem ou enviar a sua ficha médica para um hospital ao ser notificado de um acidente. O principal problema do projecto é saber se os clientes aceitarão abrir toda a sua vida para uma só companhia e se ela é segura o suficiente para proteger essas informações.
No Brasil, cruzar dados de uma mesma pessoa vai ser mais fácil a partir do próximo ano. É quando começará a ser implantada uma medida que reúne todos os documentos num só número de identidade. Além de simplificar a vida do cidadão – que não precisará tirar uma carteira atrás da outra – a medida facilita a identificação de sonegadores. Por outro lado, o cadastro de diversos departamentos estarão unidos e poderão ser facilmente comparados, tanto pelo governo como por empresas. "A população ficará fragilizada em termos de privacidade e cidadania", afirma José Lopes. O Imposto de Renda poderá verificar se você viajou para o exterior ou se possui alguma ficha na polícia, assim como a previdência conhecerá as condições de saúde de cada um. "Quando tentaram implantar esse projecto na Austrália, os protestos foram tão grandes que o governo caiu. Aqui no Brasil ninguém se preocupou", diz Amaro Moraes.
Apesar das críticas, muitos governos tentam inventar formas de aproveitar a crescente facilidade de obter informações para aumentar o controle sobre a população. O FBI instalou um projeto chamado Carnivore, que consiste em "grampear" a internet de pessoas suspeitas. Após conseguir licença judicial, agentes instalam uma caixa no provedor de acesso, que registra o tráfego de e-mails e de sites para a conta específica. A mesma agência possui convênios com empresas especializadas em bancos de dados e companhias de transporte para obter delas informações detalhadas sobre os cidadãos.
Já na Inglaterra, os provedores de acesso são obrigados a registar o tráfego de internet e encaminhá-lo ao governo. Se necessário, cada pessoa deve indicar também a chave para descodificar mensagens criptografadas e, se disser a alguém a respeito da investigação, pode ser condenada até cinco anos de prisão. Lá, como se vê, a obsessão por segurança e o desrespeito pela privacidade tornaram-se tão grandes que já há um banco de dados com o código genético de todas as pessoas com antecedentes criminais. É uma boa notícia para investigadores de polícia: qualquer fio de cabelo ou pedaço de pele deixados na cena do crime podem ser utilizados para identificar o culpado. Para a população, a medida pode ser considerada invasiva, já que dentro de alguns anos, talvez o cadastro de DNA inclua todos os cidadãos.
Diversas instituições por todo o mundo já utilizam dados biológicos na busca de infractores. Algumas universidades do Japão, Europa e Estados Unidos treinam exames de sangue rotineiramente para verificar o uso de drogas por parte dos alunos. No futuro, esses testes podem tornar-se ubíquos. O cientista americano Gary Settles, da Penn State Research Foundation, patenteou, no ano passado, um portão capaz de absorver o fluxo de ar gerado ao redor do corpo humano e identificar nele indícios de drogas ou explosivos. Segundo Settles, a mesma tecnologia poderá ser usada para guardar o DNA de quem passar por ali.
Avaliar pessoas a partir de um banco de dados pode ser perigoso de várias formas. No meio de tantas informações, corrigir um elemento errado é uma tarefa demorada e, algumas vezes, impossível. "Resumos de personalidade, do tipo que dá o perfil de um consumidor, dominam as nossas vidas em aspectos muito importantes", afirma Reg Whitaker. Para ele, as pessoas no mundo real são contraditórias, desordenadas e complexas. Pelo contrário, o retrato que os bancos de dados apreendem de cada um pode ser interpretado em construções lógicas baseadas em simplificações grosseiras. Ele cita um caso de 1950, quando o governo americano, depois de reunir uma série de dados sobre o professor de chinês Owen Lattimore, chegou à conclusão de que ele era o principal espião soviético nos Estados Unidos. O caso só terminou cinco anos depois, quando o acusado foi inocentado por falta de provas. "Hoje somos todos, em certo sentido, Owen Lattimores", diz Whitaker.
Se todos esses factos o fizerem pensar que a privacidade acabou de vez, saiba que ainda não sabe o pior. A Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA), junto com colegas da Inglaterra, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, possui um grande sistema de vigilância que intercepta e processa a maior parte das comunicações feitas entre países. O acordo existe desde 1947 e só se tornou conhecido há poucos anos com o nome de Echelon (escalão). Trata-se de uma rede de satélites-espiões, grampos em cabos de telecomunicações submarinos, aparelhos de escuta em embaixadas e receptores de rádio que enviam dados para centrais espalhadas em cada um desses países.
A princípio, a selecção dos dados relevantes era feita de forma manual, mas foi automatizada a partir dos anos 70 e hoje conta com uma sofisticada rede de computadores e softwares que utilizam palavras-chaves para garimpar as comunicações de interesse para esses governos. "A primeira rede mundial não foi a internet, mas sim a interligação de estações e centros de processamento do Echelon", afirma o jornalista escocês Douglas Campbell, uma das primeiras pessoas a descobrir esse oculto e sinistro sistema de espionagem multinacional. Campbell produziu um relatório para o Parlamento Europeu sobre o assunto. Segundo a descrição dada em 1992 por um ex-director da NSA, num esquema como esse, para cada milhão de mensagens recebidas apenas mil se encaixam nos critérios, dez são vistoriadas por analistas e apenas uma é digna de ser relatada a escalões superiores. Acredita-se que o Echelon seja capaz de monitorar 90% de todas as ligações internacionais e grande parte do tráfego na internet.
No ano passado, o ex-director da CIA, James Woolsey, escreveu um artigo para o jornal The Wall Street Journal a confirmar a existência do projecto e explicando aos europeus o motivo de tanta vigilância: "Nós espionamos porque vós subornais as autoridades estrangeiras". Referia-se às revelações veiculadas no relatório de Douglas Campbell: uma delas, de que o Echelon teria interceptado uma tentativa da empresa francesa Thomson-CF de pagar propina a membros do governo brasileiro para ganhar a concorrência do projecto Sivam, sistema de vigilância de 1,3 bilhão de dólares a ser implantado na Amazónia. No final, quem ganhou a disputa foi a Raytheon, uma empresa americana que, segundo o relatório, também trabalha na manutenção dos satélites do próprio sistema Echelon. Depois dessa, quem vai acreditar que o monitoramento da Amazónia será observado apenas pelos órgãos governamentais brasileiros que contractaram o serviço?
Para saber mais
Na livraria: The End of Privacy, Reg Whitaker, The New Press, Estados Unidos, 1999
The Transparent Society, David Brin, Perseus Books, Estados Unidos, 1998
Os Estados Unidos autorizaram a junção dos cadastros de bancos, seguradoras e corretoras. As empresas poderão avaliar, antes de conceder um empréstimo, a condição de saúde de uma pessoa ou quantas vezes bateu com o carro. No Brasil, uma nova lei facilitará a conexão entre um número muito maior de bancos de dados de órgãos governamentais
O governo americano monitora quase todos os telefonemas internacionais e grande parte do tráfego na internet. Quando julga necessário, utiliza também uma tecnologia que capta as emanações de computadores e reproduz, a centenas de metros de distância, tudo o que aparece na tela.
Companhias como a Space Imaging permitem que uma pessoa monitore qualquer ponto na face da Terra com fotos diárias de satélite. Governos, empresas e lojas apostam em milhões de filmagens que registam tudo o que acontece nas ruas. Da mesma forma, pais instalam câmaras secretas para vigiar a própria casa à distância
Muitas redes de varejo cadastram todas as compras dos clientes. Câmaras que reconhecem traços faciais logo aperfeiçoarão esse processo, registando até o caminho percorrido dentro da loja pelas pessoas. Essas informações são usadas para criar perfis eletrôóicos que, muitas vezes, não têm a menor semelhança com a realidade.

"O amor é um sonho que chega para o pouco ser quase que é"

Fernando Pessoa - Poeta
(1888-1935)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

O tempo ainda sabe passar (ainda é gente!)

Por vezes é bom estar do outro lado, e perceber o que estava do lado de lá da porta. É bom perceber de quê se faz essa gente que ordena. Aí percebo como o tempo passou, e que apesar do sacrificio, passou. Porque estar sempre no mesmo lugar e em igual tempo não nos faz mais gente. Subir faz crescer, ainda que caía, é preciso subir. Aquelas inseguranças de princípio são meras armadilhas do momento. Depois não passam de simples memórias...

domingo, 25 de setembro de 2011

A anos-luz de ti

Seria engraçado se vivessemos nas estrelas. Teríamos a nossa estrela como casa. Mais que o céu, era nosso. O Universo ali à porta. E viveria a anos-luz de ti. Um dia dizia eu, "daqui a 50 anos-luz estou em tua casa. É rápido, não demora nada" e então, depressa estaria aqui. Seriam 5 minutos.

Arms

I never thought that you would be the one to hold my heart
But you came around and you knocked me off the ground from the start

You put your arms around me
And I believe that it's easier for you to let me go
You put your arms around me and I'm home

How many times will you let me change my mind and turn around
I can't decide if I'll let you save my life or if I'll drown

I hope that you see right through my walls
I hope that you catch me, 'cause I'm already falling
I'll never let a love get so close
You put your arms around me and I'm home

The world is coming down on me and I can't find a reason to be loved
I never wanna leave you but I can't make you bleed if I'm alone

You put your arms around me
And I believe that it's easier for you to let me go

I hope that you see right through my walls
I hope that you catch me, 'cause I'm already falling
I'll never let a love get so close
You put your arms around me and I'm home

I tried my best to never let you in to see the truth
And I've never opened up
I've never truly loved 'Till you put your arms around me
And I believe that it's easier for you to let me go

I hope that you see right through my walls
I hope that you catch me, 'cause I'm already falling
I'll never let a love get so close
You put your arms around me and I'm home

You put your arms around me and I'm home   

[Christina Perri]

sábado, 10 de setembro de 2011

10-09.2011

Para ser sincera, decidi por algum tempo desactivar a minha conta do face para me dedicar um pouco mais a mim mesma. Na verdade, quero dedicar-me um pouco mais a este blog. Já lá vai um bom tempo em que o criei. Vale sempre a pena ter algo nosso. Um blog é, no entanto, um ponto de encontro para muitos, se bem que pode não passar de mais um romance que muitos podem ler. É certo que, antes de mais, este é para mim um ponto de encontro para mim mesma. Sempre bom voltar aonde estivemos antes. Tenho que concordar quando dizem que todos precisamos de um tempo para nós; ainda que o mundo fuja, eu voltarei. Agradeço a todos a espera e o apoio, ou o que quer que seja: é sempre bem-vindo!

p.s: O Netlog contiua activado!

Snuff by Slipknot

Esta sempre foi dedicada a alguém muito especial para mim. Como cada pessoa que vive dentro de nós, uma balada toca dentro de nós...


Bury all your secrets in my skin
Come away with innocence and leave me with my sins
The air around me still feels like a cage
And love is just a camouflage for what resembles rage again

So if you love me let me go
And run away before I know
My heart is just too dark to care
I can't destroy what isn't there

Deliver me into my fate
If I'm alone I cannot hate
I don't deserve to have you
Ooh, my smile was taken long ago
If I can change I hope I never know

I still press your letters to my lips
And cherish them in parts of me that savor every kiss
I couldn't face a life without your lights
But all of that was ripped apart when you refused to fight

So save your breath, I will not care
I think I made it very clear
You couldn't hate enough to love
Is that supposed to be enough?

I only wish you weren't my friend
Then I could hurt you in the end
I never claimed to be a saint
Ooh, my own was banished long ago
It took the death of hope to let you go

So break yourself against my stones
And spit your pity in my soul
You never needed any help
You sold me out to save yourself

And I won't listen to your shame
You ran away, you're all the same
Angels lie to keep control
Ooh, my love was punished long ago
If you still care don't ever let me know
If you still care don't ever let me know

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

8-09.2011

É da forma que me dedico um pouco mais a mim mesma. Não tanto quanto queria. Uma verdade é certa: o mundo virtual sempre nos prende de algum jeito. Às vezes não o desejamos de todos. Vimos por uns breves minutos e horas vão passando. É tempo que poderias dedicar a ti mesma, à tua família, aos teus amigos e ao teu mundo. A vida passa e tu nem a vês. Quando acordo já é tarde... tão tarde... mais parece que não tive tempo para nada... A vida vai passando. Envelhecendo aqui sem muito fazer. De verdade construímos um mundo que não assenta em tanto quanto isso. Porque a vida está além disto! E amanhã será um novo dia. Os Amigos que criei não me conhecem mais. Cruzando o caminho com eles, eles não me reconhecem. Eles, e eu. Eu sou aquela que vive deste lado, e permanece. A conversa é longa. Serve para nos dar-nos a conhecer-nos a nós mesmos...

Dá que pensar

Os conformistas transformam fracassos em medo; os determinados transformam derrotas em garra. Augusto Cury

Os homens erram, os grandes homens confessam que erraram. Voltaire

O amor e o desejo são as asas do espírito das grandes façanhas. Johann Goethe

Lembre-se que grandes realizações e grandes amores envolvem grandes riscos. Provérbio Chinês

Grandes almas sempre encontraram forte oposição de mentes medíocres. Albert Einstein
Os grandes feitos são conseguidos não pela força, mas pela perseverança. Samuel Johnson

Os erros de grandes homens... são mais fecundos que as verdades de pequenos. Friedrich Nietzsche

As grandes ideias surgem da observação dos pequenos detalhes. Augusto Cury

Nada é pequeno no amor. Quem espera as grandes ocasiões para provar a sua ternura não sabe amar. Laure Conan
A minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois também sou o escuro da noite. Clarice Lispector

Todos os grandes males que os homens causam uns aos outros, por força de certas intenções, desejos, opiniões ou princípios religiosos, são devidos por igual à existência, pois que nascem da ignorância, que é a carência da sabedoria. Textos Judaicos

O fracasso quebra as almas pequenas e engrandece as grandes, assim como o vento apaga a vela e atiça o fogo da floresta. Benjamim Franklin
Às vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas... O tempo passa... e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais! Bob Marley

Para grandes amigos aplausos!!! Para os pequenos e os que ainda nao vieram... Que se tornem grandes!!! E para os inimigos que se fechem as cortinas... Porque a vida é um teatro e nos temos que aproveitar o que há de melhor nela. Wladimir Spinelli

O ciúme vê com lentes, que fazem grandes as coisas pequenas, gigantes os anões, verdades as suspeitas. Camilo Castelo Branco

Se fracassar, ao menos que fracasse ousando grandes feitos, de modo a que a sua postura não seja nunca a dessas almas frias e tímidas que não conhecem nem a vitória nem a derrota. Theodore Roosevelt
Quem não sabe aceitar as pequenas falhas das mulheres não aproveitará as suas grandes virtudes. Khalil Gibran

Há grandes homens que fazem com que todos se sintam pequenos. Mas o verdadeiro grande homem é aquele que faz com que todos se sintam grandes. Gilbert Chesterton
Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível. Charles Chaplin

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ainda que eu falasse as línguas dos homens


"Ainda que eu falasse as línguas dos homens
e dos anjos, e não tivesse amor,
seria como o metal que soa ou
como o sino que time.
E ainda que tivesse o dom da profecia,
e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência,
e ainda que tivesse toda a fé,
de maneira tal que transportasse
os montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse
toda a miha fortuna para sustento
dos pobres, e ainda que
entregasse o meu corpo para
ser queimado, e não tivesse amor,
nada disso me aproveitaria.
O amor é sofredor, é benigno;
o amor não é invejoso; o amor não trata com
leviandade, não se ensorbece.
Não se porta com indecência,
não busca os seus interesses,
não se irrita, não suspeita mal;
Não folga com a injustiça,
mas folga com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta."

[1 Coríntios 13: 1-7]

Se me disseres que me amas

"Se me disseres que me amas, acreditarei.

Mas se escreveres que me amas,
acreditarei ainda mais.



Se me falares da tua saudade, entenderei,


mas se escreveres sobre ela,


eu a sentirei junto comigo.





Se a tristeza vier a te consumir e me contares,


eu saberei, mas se a descreveres no papel,


o seu peso será menor.





... E assim são as palavras escritas:


possuem um magnetismo especial, libertam,


acalantam, invocam emoções.





Elas possuem a capacidade


de em poucos minutos cruzar mares,


saltar montanhas, atravessar desertos intocáveis.





[...] Elas marcam um momento que será


eternamente revivido por todos aqueles que as lerem.





[...] Use a palavra a todo o instante , de todas as maneiras.


Sua força é imensurável.





Lembre-se sempre do poder das palavras.





Quem escreve constrói um castelo,


e quem lê passa a habitá-lo "



[Autor Desconhecido]

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Os Gatos, os Amigos e as Memórias

Este pequeno aqui no meu colo, sobre o meu braço, brincando. Fico contente só de o sentir assim, perto de mim. Adoro gatos, desde pequena que sou doida por estes animais. Muitos dizem que não gostam deles, assim em jeito de quem diz que não os suporta, sabe-se lá bem porquê. Eu cá encaro este animal centenário como um companheiro de características mais que fabulosas. O Gato é simplesmente genial. Não acredito lá muito naquela história das 7 vidas, mas que é resistente e cheio de façanhas, lá isso é! Uma espécie de herói, no qual encontro também algo de meu. Dizia eu, já cheia de convições: se fosse um animal era um gato! Ainda hoje, se tivesse que ser um animal, sem dúvidas, o gato era o meu eleito. Grandes amigos foram os meus gatos. Sei que já lhes preguei partidas, mas acredito firmamente que eles, sem palavras nem gestos específicos como os nossos me ensinaram muita coisa. Entre horas de brincadeiras, sentada ao pé deles, ou no quarto, ia buscar o pequeno Verdi, aquele gato laranjinha que tanto adorava. Inicialmente, Pavarotti, mas Verdi assentou-lhe melhor. Soa sempre melhor. Bem, fartei-me de chorar quando o perdi - aliás, se chorar é o termo mais correcto para quem liberta rios e rios de lágrimas, eu cá fazia as minhas tempestades incriveis de choro. Em tom sério, era uma perda de um amigo. Um amigo é alguém, ou mesmo algo que nos toca profundamente: é o necessário! Suspeito que tenha sido a vizinha a envenenar o pobre do bichano, lá com a intenção de exterminar os fedorentos roedores... De qualquer das formas, fiz questão de guardar uma pequena recordação dele. Actualmente, está numa das minhas caixas, debaixo da cama. À medida que o tempo ia passando sentia que aquela sensação de já não mais poder tocar no pêlo dele ia desaparecendo, mais as lágrimas derramavam sobre mim. Entristeci muito, nesse dia. E os seguintes não eram melhores... O problema era agarrar-me demasiado a eles. Sabia que mais cedo ou mais tarde, os meus Amigos me deixariam. Talvez por isso, a eterna juventude nunca me seduziu. Era demasiado triste para mim ver todo o meu mundo partir antes de mim. Depois de mim, seria outra coisa. Antes, nem pensar! Mas nem queria saber! Durasse o tempo que durasse queria aproveitar ao máximo o tempo com eles. Tive montes de gatos. Talvez já não saiba dizer exactamente o que me levava a amá-los tanto. Algo tão forte, e sem explicação! Às vezes é estranho pensar... As pessoas da minha idade, já pensavam em sair com os amigos, talvez mais fazer aquelas dormidas em casa das amigas, e contar as suas aventuras e romances. Eu não! Dispendia o meu tempo com aquilo que não importava a muitos. Terá sido uma das razões pelas quais a minha adolescência tenha sido bem mais ligada ao meu espaço que propriamente a explorar o mundo lá fora. E o que era o mundo lá fora? Via-o eu da minha janela. No meu jardim respirava o ar só meu. No meu quarto guardava histórias que ainda hoje não partilhei com alguém. A gente perde o seu tempo a arranjar amigos reais - não que os meus não sejam! - e adiciona-os nas redes sociais e messenger. Penso que é uma autêntica perda de tempo. Os meus amigos (uma parte deles) nem sequer sabe ler, ou falar. E que importa isso? Quando passo, eles chamam por mim, seja de que forma for. É uma alegria ter a casa repleta de amigos desses! Talvez tenha sido uma das razões que me tenha levado novamente a desligar-me do facebook... Por lá perco tempo que talvez o ganharia em outra coisa qualquer. Este pequeno continua a fascinar-me! Brincando, brincando, brincando, e com tanto ainda para aprender, dá a sensação de que ainda tenho mais que ele a aprender. Contraditório, não? O que ele não precisa de dizer e fazer para mostrar que o tempo ali não se perde, de jeito algum! Ele não pensa sequer, não da mesma forma que eu, ainda assim, não consigo negar-lhe partilhar algo com ele. Tem 2 meses, ou nem isso. É um gato. Fez-me lembrar tanto assim do nada, pelo simples facto de o agarrar, e o mimar. Adoro fazê-lo. Se tivesse um Amigo idêntico a mim, seria um tanto arriscado fazê-lo. Um Gato é muito mais que um Amigo, e por mais que lhe faça, ele nunca deixará de o ser, mesmo que o agarre e me farte de o beijar e abraçar, não me verá como mais que isso: um Amigo! Ainda que o magoe, ele virá ter comigo, como se nada tivesse acontecido. Bem, às vezes, não é tanto assim... E apesar de tudo, sei que um dia posso perdê-lo, e ficarei triste. Ainda assim, nego-me a perder esta oportunidade. Como uma criança continuo a conquistar o mundo, e o momento. Adoro os gatos. Leva-me a pensar que nós, humanos, complicamos demasiado a realidade. Só não podemos negar aquilo que somos, bem mais que gatos, obviamente. Permanece em mim, um desejo profundo de querer poder amar sem receios ou dúvidas este mundo, que tanto carece. E não são gatos que cruzam o nosso olhar; é bem mais que isso! Talvez seja a simplicidade deles que me atraem. E a sua coragem, o seu sentido solitário, independente. E quando a gata dá à luz os seus pequenos ela protege-os, ainda que um dia vá seguir o seu destino, cuida deles. Assim, é a Binkas, uma gata que nos tem acompanhado à já 10 anos. As gerações de filhos que nos tem presenteado sempre são um momento de alegria. Verdi, Morgado, Mozart, Pilinhas, Caramelo... Mozart era irmão do Verdi, se bem que branco e idêntico a um persa, era sensível e muito querido pela minha mãe. Fez-me chorar quando voltava de um viagem de estudo. Estava radiante pelo facto de poder estar com ele. Enganei-me... A minha mãe acusavou-me muitas vezes de ter sido demasiado rude com ele. Eu cá não acho. Adorava brincar com eles, e aperta-los até mais não. A intenção não era má, juro! Dele nada restou se não a memória. Pilinhas, foi outro dos gatos que nos marcou. A disputa por quem gostava mais dele também era grande. Na verdade, foi um dos meus escolhidos da ninhada. Ninguém se atrevia a dá-los. Gostava deles. Era chegar da escola e ouvi-los a miar à porta. Querem entrar! E deixava-os entrar. Ia lanchar e eles andavam à minha volta a miar, miau miau. Enfim... O Caramelo e o Morgado ainda cá andam. Às vezes fazem das suas, e ficam de castigo. Mas são apenas gatos, esquecem-se disso! Quando estámos tristes, ou não, lá vêm eles todos pimpões miar-nos. Oh, gostam de nós. E ainda que façam asneiradas, ainda que não se calem, ainda que fujam, apenas quero uma coisa: poder abraçá-los amanhã novamente! Só isso! Sei de côr aquilo que eles gostam e que não gostam, onde costumam estar, como são. Cada um com a sua personalidade vincada. Resistem 4 gatos, e 4 pequenotes. Fazem um reboliço cá em casa, todos juntos. Fazem as necessidades onde não devem. Sempre activos. À tarde andam por aí. Ao almoço e ao jantar fazem-nos companhia. Juntam-se aos cães, às pessoas, e ao que vier. A vida deles é uma rotina, suponho, mas nunca deixam de gostar de nós. Acredito que não. É o que importa. Decidi, portanto, dedicar-lhes este post, como forma de agradecimento mais sincero. Ainda que nunca possa justificar este gostar, penso que também não há necessidade de tal! Basta gostar, e pronto! São 8 Amigos que entraram na minha vida não sei bem ao certo, mas só posso agradecer por isso! Espero poder partilhar mais momentos assim. Sei lá eu se me percebem como desejo, no entanto, há coisas em nós as quais não sabemos ao certo que dizer. Sentimo-las, existem, e não têm explicação certa. Talvez seja esse o fundamento da Vida: existe, é sentido intensamente, mas não conseguimos explicar exactamente porquê, ou como. São coisas da Vida, como se costuma dizer. Assumo-me essencialmente, como alguém sensível. Não alguém que chora, ou que se restringe de cenas violentas ou sexuais, mas alguém que sente; alguém que sente de facto. Desde sempre me lembro de ser assim. Um dom, ao mesmo tempo que nos condena ao martírio. Este post também é dedicado a todos aqueles a quem eu talvez não soube exprimir ao certo o meu tanto gostar. Por vezes, erramos. Por vezes, a nossa forma de ser leva-nos a fazer exactamente o que não queremos, ou então, não daquela forma que pretendíamos. Talvez a nossa complexidade nos leva a sentir tristeza em lugar da alegria. Por vezes, aqueles que mais nos alegram são os que mais nos sujeitam a lágrimas. É mesmo assim. A complexidade do nosso ser também sabe dar uma pequena ajudinha e levar-nos noutro sentido. O que vale é que são mesmo assim: Amigos! Talvez não andem a brincar, a brincar, a brincar por aí e a fazer-nos sorrir com as suas incríveis acrobacias. Talvez não vivam tam-pouco assim, e muito menos não sejam capazes de partilhar a mesma linguagem que a nossa. Ainda assim, sou capaz de sorrir ao pensar neles, ainda que sejam o que sejam. Há tanta coisa que passou... Mas dá um pouco a sensação de que há-de vir mais, por mais que se tenha passado. Esses já não estão nos nossos braços, muito menos são pequenotes, mas ocupam um pequeno espaço no meu coração. Esses também são Amigos. Também nem toda a gente é capaz de os ver como eu. Dizem que tal, justificam-se com talvez falsas convições, porque sim, porque sim. Eu cá confio na minha intuição, e não falho. Amigos são acima de tudo, parte de nós, e é a eles também que dedico este post. Não são gatos, ora bem, mas neles também me revejo um pouco. Admiro-os pelo que são e não são. São corajoso ao seu jeito, aproveitam a vida, e quando estou com eles, o meu coração enche-se de alegria, ainda que possa sustentar lágrimas no olho. É com saudade que guardo estas memórias. E atrevo-me a condenar firmamente quem diz que seria tudo bem mais fácil se não existissem memórias. Para mim, memórias são dos bens mais preciosos que alguma vez tive. Graças a elas existo, e sou feliz. Esses Amigos já não são 8. Bem... para dizer a verdade... não sei ao certo quantos são... alguns são, com certeza. Mas o tempo passa. O melhor mesmo é aproveitar antes que o vento os leve, e fique aqui a chorar profundamente essa tristeza... Obrigada a todos eles. Obrigada.


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Expressamente

O que é suposto fazer quando me sinto assim? O que queriam que fizesse quando me magoam? Magoa, claro que magoa dizerem-me que é preciso fazer sacríficio. Sacrificío... Ha... sacrificio... Sinto como se tudo o que fizesse fosse tudo menos isso. Sacrifcío? É tudo o que tenho andado a fazer... Não parece, ninguém vê isso, como podem saber? Mas eu digo, e custa-me que não acreditem no que digo. Mais parece que tou a brincar. Não tou! Sacrifício? Quando me restrinjo a estar aqui fechada dentro destas 4 paredes muito mais do que devia, em vez de sair e estar com quem realmente queria estar, ou até a fazer o que gosto. Em vez disso, tenho de lhes dizer que não posso. Inventar desculpas... Às vezes chego mesmo a ser sincera: não posso, não tenho dinheiro. Não tenho como ir... Vamos na próxima vez, importas-te? Tenho que ajudar os meus pais, têm muito trabalho... Ninguém gosta de passar o tempo a deprimir e a falar de coisas que não quer, ou coisas que não gosta; ainda que o não diga, pensa-o, e tudo se transforma... Quem gosta de ouvir um amigo dizer constantemente, "olha desculpa mas não posso"? Quem? Mais parece que não gosta de nós! Poxa! Que mal lhe fiz? Oh, mais uma promessa... E sempre isso, sempre a mesma história! Prefiro inventar desculpas, se bem isso também me incomoda. Porque não tenho escolha, e restringo-me apenas a pensar que um dia hei-de estar com eles, ou fazer isto e aquilo... um dia... se é que vou poder... Nada me garante isso afinal, não passam de promessas minhas... Gostava tanto de poder ter aquele livro que quero, ou a ter um computador decente e passar umas horas valentes a jogar, como antes. Gostava de me poder sentir como qualquer um. Que há esforço mas no fim lá consegue. Seja muito ou pouco, consegue. Pegar e meter-me no autocarro e ir por aí tar com eles, até àqueles a quem prometi. Gostava... Pedem-me sacrificios. Sinto-me mal, comigo mesma. Sei muito bem que não faço a melhor das figuras. Sei que pareço isto e aquilo. Mas já não importa que me achem louca, ou o que quer que seja. Ainda há pessoas que o acaso empurra contra mim, e são dignas de algo divino, sei lá. Elas dão-me a mão. Isso para mim é tudo! Elas não sabem o quanto. Também não sou muito de mostrar. Mas não faz mal! Não quero que tenham pena de mim! Sinto tanta raiva dentro de mim...Choro como uma doida; é essa a minha forma de exprimir esse sentimento. Sacrífcios? O que tenho andado a fazer todo este tempo? Nada... Nada mesmo! Ha... Desejo tanto vingar-me disso tudo. Vem aquela vontade incontrolável de querer poder ter aquilo que não tenho, por isso mesmo, porque não o tenho. Chega a um ponto que a fome é tanta que já não a consegues controlar, não consegues simplesmente. Sou humana, erro, fraquejo, puxa! Só não quero que me digam isso, não peço que me entendam. É dificil tentar perceber o que sinto por aquilo que mostro. Expludo, é o que sei fazer. Magoa-me, e insistem nessa conversa. O que posso fazer? Faz-me sentir culpa por não conseguir, que não passo de alguém que não consegue ter aquilo que deseja. Eu não tenho tanto assim, para gastar tanto assim. Mesmo que quisesse, não posso. Não posso simplesmente pegar e ir por aí, como se tivesse sozinha. Não se resolve assim! Sinto culpa. Passam a vida a dizer que gasto, ofendem, esmagam. Ele que fuma, e gasta resmas a fumar, ele que em vez de vir ter comigo e ser sincero, ser directo, não! Faz tudo menos isso. A vida exige que gastemos um mínimo, e nem isso me perdoa! Ele fuma, eu não posso... Não sirvo de muro das lamentações, não sou nenhum saco de boxe, onde todos despejam as suas frustações e culpas. Tenho as minhas necessidades, tenho a minha vida. Tudo tem consequências!! Querem que adivinhe aquilo que sentem, querem que aguente tudo isso assim, tempos sem fim. Aguento até certo tempo, não sou de ferro!! Preciso de um tempo. Só isso. Já à tanto tempo que me conhecem e continuam a insistir na forma errada, e a achar que não sei conversar, e que não oiço ninguém, que quero fazer tudo da minha forma, não sei respeitar os outros. Sabem lá o que sinto... E se mostrasse isto ou o dissesse agora mesmo, será que iam entender? Acho que não... Passam o tempo achar que resmungo, quando apenas quero abrir-lhes os olhos. Porque não digo o que quero. Quem me dera que fosse tudo um mar de rosas e passar a vida a dizer que é um mar de rosas. Não é, e não mudam! Queixam-se da vida, e ficam a atirar pedras em vez de fazer as coisas da forma certa. E dizem-me que não entendo nada desta vida, para depois me atirarem à cara que já sou crescida o suficiente para saber o que quero! Acham que é fácil dizer o que digo? Não, digo porque me apetece! Pois, para mim é melhor passar a vida a resmungar. Não tenho mais nada a fazer... Passo a vida atrás dos outros a dizer-lhes aquilo que não querem ouvir... Tenho uma vida, quem vai vivê-la por mim? Esquecem-se disso! Magoa-me saber que as coisas não estão fáceis, por mais que tenha lutado, parece absurdo, parece que não deu em nada. Tanto para nada! Custa... Não parece querer acabar, estou cansada. Como querem que esteja bem? Nem sempre consigo controlar as minhas emoções. Sempre a teclar a mesma tecla, fica mais fácil activá-la. Nem dou conta disso: é automático. Quando vão perceber que insistir nisso aumenta aquilo que sinto. Não quero isso! Não consigo segurar algo que constantemente me magoa. As pessoas afastam-se. É mais fácil afastar que pegar e pensar. O que fazem, é afastar-se quando às vezes preciso de um ombro para chorar, ou até que seja uma folha e uma caneta. E então? Sou assim, e agora que queres que te faça? Se me afasto é porque não quero ouvir. Nem é isso sequer... E vou passar a vida a contar aquilo que passa por mim? Não sou nenhuma vítima nem quero que tenham pena de mim. Só queria que tudo isto acabasse de vez. São sacríficios que me pedem, sacrificios... Acho que já nem sei o que isso é. A vida não é fácil e a maré que acabou de ir foi tudo menos simpática. Ainda tenho rastos desse turbilhão dentro de mim. Só quero proteger-me. Quero perceber ao certo quem sou e porque reajo assim. Nem tudo é tão mau assim, mas reajo claro que reajo. Não tenho defesas, tudo o que toca lá mexe comigo. E agora? Que queres que te faça? Sou eu que sou dificil ou és tu que não me consegues entender? A ferida ainda não fechou... Só preciso de tempo para a fechar. Só quero ter paz, pode não parecer, mas quero ser feliz. Agora não me peçam sacrificios que tudo o que tenho feito é isso. Se queremos sobreviver temos que passar por cima. Nem sempre é fácil. Ninguém sabe o que senti todo este tempo, ou sequer o que fiz. Mas sei que isto tudo sempre deixa uma lição. Agora não me peçam sacrificios e esperem que eu continue a sorrir e a ser eu, porque isso nunca vai acontecer. Nem a vida é assim, nem todos temos bons e maus momentos, abram é os olhos, e entendam as coisas, parem com essas conversas desnecessárias. Parem de querer que as coisas sejam do vosso jeito, porque eu sou eu, e não acho que sou um estorvo para quem quer que seja. Sei bem sair dessa cena, antes dela começar! A passar o tempo a pensar ponto por ponto, por medo de perder, medo de não mais conseguir. Medo de não ter como sobreviver, medo de ser rejeitada, mais do que o meu esforço para me afastar de todos cria. Medo de dizer que não posso porque... Medo. Medo que estejam comigo para me tentar animar, sem eu perceber. Eu consigo, só não consigo quando passam o tempo a dizer que não é fácil, que é preciso sacrificios, que não tá fácil. E agora? Vou passar o tempo a chorar e a achar que são menos porque não tenho o que todos têm? Poupem-me! Magoa-me quando dizem que não consigo porque eles não conseguem. As pessoas que tiveram do meu lado não tão esquecidas, nunca na vida. É a elas que tenho a agradecer as lágrimas que souberam esperar que caissem e as palavras que tinham um involucro mais dificil. Chega de roçar o ridiculo e dizer que não consigo, porque consigo. Este é o primeiro passo, que dou. Até hoje era incapaz de dizer tudo isto, dificil ou não, mas as coisas têm de ser ditas. Esperar que entenda algo que eles dizem, como se eu tivesse estado dentro deles, e puff... percebi. Se calhar até entendo, mas não dessa forma. Por isso mesmo, porque não estou dentro deles para saber. Esperava que dissessem algo diferente que não sejam problemas. Sempre a regar as ervas daninhas, cansa! Como qualquer pessoa preciso que confiem em mim, e se cometer erros, não vou negar-me às consequências deles. Como qualquer um preciso de tentar para saber se sou ou não capaz. E mesmo que não consiga, não sei se na próxima vez não vou conseguir. Cheguei aqui, não sou cobarde, não sou fraca, não sei é ser de ferro! Não sei aguentar a forma dos outros se eles não se esforçam por tentar, se eles se recusam. Por dizer o que quer que diga, não quer dizer que saiba mais que eles. Sou nova, é verdade. Mas isso não quer dizer que também não tenha nada para lhes ensinar. Deixem-me viver, deixem-me errar, deixem-me tentar. Não vou embora por tentar. Estou aqui, sabem bem que estou. Só não conseguem entendê-lo. Não tentem entender aquilo que não sabem... Não me conhecem... Não estou aqui para só para fazer sacrificios e chorar. A vida torna-se tão triste quando a rotina é pesada... Só quero ser feliz... Tenho medos, dúvidas, preciso de apoio, preciso de tentar...