domingo, 17 de junho de 2012

Qe lo mo piedes coraçau


Quando o que realmente precisamos é deles...




Era olhar para as palavras do Eça e do Pessoa e concordar

Como podiam ser capazes de olhar ontem, hoje e amanhã sem o viver?

Querendo ser-se grande a alma engrandece pouco

O pequeno sobe alto

Precisamos dos outros, do mundo

Antes, pedia que o mundo olhasse para mim independentemente do meu mau feitio

Quando hoje peço que o mundo olhe o meu bom feitio

Demorou tanto a ter e hoje que tenho 

Tem-se o mundo em tamanha revolta

Tantas fraquezas e julgamentos

Tanto advogado e juiz

Sem réu

E uma condenação

A falta de amor

Que de nós parte

E por aí se fica

Longe não quer ir

As crianças mais novas têm de aprender a querer ir longe

Somos crianças em construção

Estes adultos que por aí andam

Em busca dum mundo melhor

Que lhes caía aos pés senhores

Crianças admiram o admirável

Elas não entendem a tua falta de tempo

Entendem pois a tua ausência

Um génio em construção, que fica pela metade

Um génio aparece no dia certo

Cortaram-se os dias. Fica dispendioso

Meu senhor, os meus pêsames mas a sua vida foi hipotecada...

É como se os velhos sábios morressem antes de poderem sequer escolher um jovem rapaz para ser um aprendiz digno e honroso

Sem sabedoria e vida nada se é

Essa sabedoria parte do que ficou

Se por cá ficou o desejo da liberdade voada

Não conheço 

Não existe

A liberdade está no ódio e na prisão

Pois do mal se aprende o bem

O bom coração aquele que guarda todas as cicatrizes

E não chora

Curaram, passaram e andaram

Génio, de bom coração não procuramos

Pedimos que cresçam, sozinhos mas cresçam

Venha a nós o vosso reino

Assí nal terra como nul czéu

Qe sonhos precisas tu, meu peqeuno?

Qe mágoas guardas, mue coraçau?


Qe lo mo piedes coraçau?



sexta-feira, 1 de junho de 2012

que seja doce

hoje sou criança, ontem fui criança e amanha vou ser uma criança. eternamente criança, respirando e vivendo como uma criança. acreditando no amor e no coração mais profundo das pessoas, como uma criança, sorrindo como uma criança, adormecendo, cantando, fazendo asneiras, chorando, entristecendo, e abraçando como uma criança. uma criança nunca deixa de amar e sempre encanta. uma criança que vive, pensa, aprende, nunca deixa de aprender, esquece, lembra, questiona, vê, sente, diz, uma criança que corre à descoberta, quer ser, fica no seu canto, amua, bate, é rabugenta, e faz birra, tem a sua família e amigos, tem o céu azul, os lápis, marcadores, livros que vê mas não os sabe ler, risca maravilhas nas folhas e nos livros dos autores, e nas paredes, pela casa toda, parte a colecção de discos de vinil dos pais,tem ciumes dos irmãos mais novos, gosta de animais, gatos, piu-pius, não gosta de puzzles pois não sabe fazê-los, gosta da escola e não gosta, tem medo, não quer perder a mãe, quer ver desenhos animados ao fim-de-semana logo pela manhã, e chora tanto por ter caído e arranhado as pernas, faz coisas às escondidas para no dia especial oferecer, gosta de prendas pelos anos, pelo natal, e pelo ano novo adora os foguetes. gosta das festas porque é festa. sempre serei uma criança deitada na cama a imaginar coisas, e fazer os seus planos e brincadeiras, e brincar a isto e àquilo, sonhando com um futuro. crianças vivem como príncipes e princesas, são felizes, não porque ainda têm muito pela frente ou a imaturidade anda com elas. são simples,e  crescendo apenas criamos estruturas que nos afastam dos outros. aprendemos a gostar disto e daquilo porque sim, e porque não. quando éramos pequenos éramos castigados e aprendíamos com isso que os pais nos davam. castigo ou amor, davam-nos sempre algo que nós reconhecíamos. quero ser sempre essa criança, que reconhece os outros por aquilo que são. porque assim são. e se fosse para longe, voltaria um outro dia porque assim tem de ser. essa criança volta hoje porque ontem tinha que ir embora para casa. amanhã é dia de escolinha, mas depois vamos ter com as primas e os primos. Olá, olá a todos!!! essa criança permanece ainda hoje. cresço sem deixar de ser quem sou, essa mesma criança sonhadora porém teimosa, que protege e ama de medida larga sem ninguém saber. escreve isso aqui e ali, em segredo... para que ninguém saiba. um dia a mãe virá para nos perguntar o que fizemos, e sem conseguir esconder dizemos que foi sem querer. e foi, sempre será, porque amar é sem culpa, é tentar mostrar que gostamos, e dizer gosto de ti, não só a ti, Mamã, como a todo o mundo. crianças podem virar objectos se não forem amadas do jeito certo, podem mesmo tornar-se más e castigar outras crianças por que sim. Podem até vir a destruir o carrinho das outras, atirando-o ao rio. crianças também sofrem, precisam dum carinho, dum apoio, dum abraço, tal e qual como aqueles que a Mamã nos dava antes. e espero que todos os dias me venham à cama dar um beijo de boa noite. agradeço sempre. sempre nunca tem fim, não é Mamã? Pois, é mesmo esse sempre que aprendi que era para ser. uma vida é para sempre até um dia morrer para sempre. crescer para um dia ter uma família feliz para sempre. ingenuamente perguntamos Mamã porque é que temos de ser assim tão injustos com os outros se me ensinaste a não ser? Mamã, para onde vai a avó quando adormecer para sempre? Porquê? a curiosidade não mata, engrandece. até ao dia em que percebermos o que significa "a tua palavra contra a dele"... mas nunca mesmo nunca vou deixar de ser uma criança, por isso, que seja doce. e que digas palavras doces para que um dia, se tiveres de as engolir, não te sejam amargas. que sejam doces... 




e fazer tudo tão certinho e direitinho para no fim sair uma valente trapalhada. deixem-nos antes viver, sujando tudo!!

ideias loucas? e absurdas?

aqueles que se recusam ficar serão filhos dum nada que prometia? aqueles que mais queriam e depois fugiram, pelas suas razões, mostraram nada ter tido toda a sua vida? é fingir uma infância? é inventar felicidades? que mais será? os infelizes continuam em frente e não olham para trás? os infelizes choram? sorriem? é fingir um sonho que não existe? e no meio da multidão encontramos a solidão das respostas: elas ensinam no silêncio, gritam sem cor ou forma, (diferente de ti...) quando tu me olhas no meio do nada e dizes tudo. As respostas não precisam de olhos ou beijos para falarem cá dentro. gritam, pois gritam. quero mesmo é permanecer aqui, seguir as respostas que tenho cá dentro. é a intuição delas que leva e voa. aqueles que ficaram não voltarão? que razões ditam maior verdade? o que é feito da glória? que diriam eles se vissem o que vai dentro de nós? seríamos criminosos? o tempo não voa, não fica, não anda, não recua. o tempo é eterno? as palavras doem? porque não as dizes? agora? nem nunca? guarda-as como tesouros? como marés rompendo a falésia? aqueles que recusam descer ao chão e erguer. e aqueles outros que não pensam voar mas voam sem saber. não sentem o poder das suas asas. asas e asas e asas, palavras também. sabes falar? empurrarias palavras? receias pronunciá-las? e para que existas respirando sons e cores ou "simetrias universais" e ideias loucas?