Pessoas que recebem injeções de botox no rosto podem ter
dificuldade em compreender pensamentos e emoções alheias, segundo cientistas
americanos. O estudo, divulgado na publicação científica Social Psychological and
Personality Science, afirma que rugas de expressão, como pés de galinha,
linhas na testa e vincos entre as sobrancelhas, são essenciais na interpretação
das emoções humanas. Ao paralisar a musculatura do rosto e reduzir estas marcas, o botox
dificultaria o processo de empatia na comunicação entre indivíduos.
Segundo o psicólogo da Universidade do Sul da Califórnia David Neal, um dos
responsáveis pela pesquisa, isso acontece porque normalmente os seres humanos
decifram as emoções alheias imitando involuntariamente as expressões uns dos
outros. "A comunicação humana pode ser muito subtil. Eliminar uma parte da informação
– seja quando se comunica por e-mail e pelo Twiter ou quando se paralisa os
músculos da face – pode ser a diferença entre a comunicação bem sucedida e o
fracasso", afirmou David Neal.
O botox, ou toxina botulínica, é um composto produzido por uma bactéria
anaeróbia, utilizado em tratamentos estéticos, em pequenas doses, para suavizar
as marcas causadas pelas contracções musculares na face, com o decorrer do tempo. Ao ser aplicada no rosto, a toxina bloqueia a libertação de acetilcolina, um
neurotransmissor que leva mensagens eléctricas do cérebro aos músculos
faciais.
Comparação
A pesquisa, conduzida por Neal e pela psicóloga e neurocientista Tanya
Chartrand, da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, comparou um grupo de
pessoas que fizeram tratamentos estéticos com botox com outro grupo, que
utilizou a técnica do preenchimento cutâneo para diminuir as rugas. O preenchimento cutâneo é feito injectando substâncias químicas sob a pele de
rugas e sulcos, em partes selecionadas do rosto. O procedimento, no entanto, não
paralisa a musculatura da face.
Os dois grupos de voluntários tiveram que ver fotos doutras pessoas e
relacionar cada imagem com as emoções humanas correspondentes. Segundo Chartrand, o grupo com botox interpretou as expressões faciais com
menor precisão. Já o grupo que fez preenchimento cutâneo teve resultados
semelhantes a adultos que não fizeram nenhum tipo de tratamento estético
facial.
"As pessoas imitam inconscientemente as expressões faciais das outras, num
processo que envia sinais do rosto para o cérebro. Elas usam esta informação
para reproduzir e entender o significado emocional das expressões." Para a investigadora, os pacientes que usam botox não conseguem entender as
emoções doutras pessoas porque são incapazes de imitá-las. "Esta inabilidade
elimina uma parte crucial da comunicação interpessoal", disse.
[http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/07/110718_estudo_botox_empatia_cc.shtml]
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