quarta-feira, 27 de julho de 2011

Usar botox diminui empatia, diz estudo

Pessoas que recebem injeções de botox no rosto podem ter dificuldade em compreender pensamentos e emoções alheias, segundo cientistas americanos. O estudo, divulgado na publicação científica Social Psychological and Personality Science, afirma que rugas de expressão, como pés de galinha, linhas na testa e vincos entre as sobrancelhas, são essenciais na interpretação das emoções humanas. Ao paralisar a musculatura do rosto e reduzir estas marcas, o botox dificultaria o processo de empatia na comunicação entre indivíduos.
Segundo o psicólogo da Universidade do Sul da Califórnia David Neal, um dos responsáveis pela pesquisa, isso acontece porque normalmente os seres humanos decifram as emoções alheias imitando involuntariamente as expressões uns dos outros. "A comunicação humana pode ser muito subtil. Eliminar uma parte da informação – seja quando se comunica por e-mail e pelo Twiter ou quando se paralisa os músculos da face – pode ser a diferença entre a comunicação bem sucedida e o fracasso", afirmou David Neal.
O botox, ou toxina botulínica, é um composto produzido por uma bactéria anaeróbia, utilizado em tratamentos estéticos, em pequenas doses, para suavizar as marcas causadas pelas contracções musculares na face, com o decorrer do tempo. Ao ser aplicada no rosto, a toxina bloqueia a libertação de acetilcolina, um neurotransmissor que leva mensagens eléctricas do cérebro aos músculos faciais.
Comparação
A pesquisa, conduzida por Neal e pela psicóloga e neurocientista Tanya Chartrand, da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, comparou um grupo de pessoas que fizeram tratamentos estéticos com botox com outro grupo, que utilizou a técnica do preenchimento cutâneo para diminuir as rugas. O preenchimento cutâneo é feito injectando substâncias químicas sob a pele de rugas e sulcos, em partes selecionadas do rosto. O procedimento, no entanto, não paralisa a musculatura da face.
Os dois grupos de voluntários tiveram que ver fotos doutras pessoas e relacionar cada imagem com as emoções humanas correspondentes. Segundo Chartrand, o grupo com botox interpretou as expressões faciais com menor precisão. Já o grupo que fez preenchimento cutâneo teve resultados semelhantes a adultos que não fizeram nenhum tipo de tratamento estético facial.
"As pessoas imitam inconscientemente as expressões faciais das outras, num processo que envia sinais do rosto para o cérebro. Elas usam esta informação para reproduzir e entender o significado emocional das expressões." Para a investigadora, os pacientes que usam botox não conseguem entender as emoções doutras pessoas porque são incapazes de imitá-las. "Esta inabilidade elimina uma parte crucial da comunicação interpessoal", disse.

[http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/07/110718_estudo_botox_empatia_cc.shtml]

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