domingo, 11 de março de 2012

Carta para um Amigo

Estou feliz. A vida leva-nos longe, ainda com muitas lágrimas e feridas, a viagem continua. Por mais que tentes não vai parar ainda que tenha sido e continue a ser tua, ela não é por absoluto dominada por alguém como tu. Um dia acordas e tanto mudou. É bem diferente de partires e muito tempo depois voltares àquele lugar; onde todos os dias o sol brilhava o mesmo, e o mesmo vento, soprava nos mesmos sentidos e direcções. Quando voltas parece que só por não teres lá estado as coisas mudaram. Assim me sinto tantas as vezes que me lembro. Todos os dias parto, em busca de algo, nem sei bem o que é, mas a procura não se perde. Grande aventura essa! Todos os dias são uma novidade, trazendo alegria e saudade. Perco-me nesses momentos. Grandes momentos, admito. Uma casa sem janelas ou portas. Qualquer um pode entrar ou sair. Gosto de liberdade. Gosto desse sentimento puro e honesto, que muitos falsificam com desastre e rebeldia. Pois não, eterna liberdade em meu ser mora. Amo livremente tudo e nada. Amar é ser livre. Deixo que vão e venham, as vezes que forem precisas para entenderem esse outro sentimento. Dizem que amar é algo forte. Forte talvez, abraça-nos plenamente com tanta intensidade. Muitos se recusam, acabando depois por se entregar sem rédeas. É incrível o negar que lhe dirigem, como negar um sorriso a alguém, ou até como fechar a porta a quem chega no momento. O Amor une-nos. Nunca te esqueci. Nem mesmo quando te abandonei. Quando te abandonei foi quando mais rezei pela tua vida. Amar é ser livre, Amigo. Não tentes entender. Sente-o. Não esperes explicações que não existem. Deixá-mo-nos, por vezes, dominar pelo sofrimento, pelo desespero, pela solidão. Força-mo-la ao nosso jeito. A solidão é boa conselheira. Não ocupa nunca o teu lugar. Deixa-a falar. Que revele a esperança e a fé que existe dentro de nós. Somos a praia em dia de tempestade. Não entendo a repulsa à distância. Ela abre-nos um caminho. Precisamos de estar connosco mesmos. Precisamos de tempo. Espaço igualmente. A amizade é um céu aberto. Que cobre. Que afasta. Que fia tecidos de mistério e admiração. Que nos faz olhar ao espelho e pensar. Quem afinal sou eu? Por último acabamos por perguntar o essencial. O fácil obtém-se a princípio, aquilo que nos dizem, o que nos mostram. O difícil é entender quem nós somos, porque esse ninguém sabe dar-nos as respostas. Os outros sabem melhor sobre os outros, mas nós nunca chegaremos a esse destino. Sem olhos quem vê o mundo? Sem boca quem comunica a humanidade? E quem sente a vida sem se ser? Para chegar a ti, preciso de ser. Não poderei fraquejar. Precisas que seja eu mesma. A minha dor não pode, de jeito algum, condenar-te à maior das distâncias: preciso de ti! E de mim... para te poder ter! A liberdade é imensa... Imensamente bela e inexplicável, que apenas um coração grande e bom consegue conquistar esse cavalo selvagem. O que mais há é gente que a deseja sem a saber exactamente. Uma vez que lhe tomes o sabor não conseguirás mais resistir-lhe. Por isso, Liberdade e Amor andam como sentinelas, à espera que alguém chame por eles. Para nos salvar. Somos uma brisa no meio de tantas outras... Mais uma pessoa no mundo, mas não só uma mais. Mais alguém que se atreve a chamar e ir. Levar-te-á com ela, Sra Liberdade! Por muito que pudesses julgar... voltei e fico por muito tempo... Grandes voltas, longas aventuras, por fim, o meu recanto, o meu pequeno recanto. Aquele onde jamais saem pessoas como tu, e onde o tempo é eterno. A vida é eterna. É bela. Um começo e um fim. 

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